Na Cabala existe uma noção mais ampla sobre o conceito de tempo. Para os cabalistas o passado não se inicia quando nós nascemos. O passado compreende vidas anteriores e a história da ancestralidade de nossa tradição.
A vida do Cabalista não começa em sua geração e sim com a história dos primeiros grandes cabalistas.
Existem dois momentos que podemos estabelecer como momentos iniciais da tradição:
O primeiro momento que podemos chamar de oficial, começa com os primeiros livros escritos da tradição.
O mais antigo pergaminho encontrado tem aproximadamente 5.780 anos, o K’tawa Raziel (O livro de Raziel).
Um cabalista chamado Adam Kadmon estava em seu acampamento e foi visitado por uma pessoa sob a inspiração do anjo Raziel e escreveu o primeiro livro de Cabala. Esse primeiro livro fala das virtudes humanas que nunca devem ser abandonadas: o respeito entre as pessoas e o respeito à sabedoria. A perda dessas virtudes, podem provocar rupturas e quebras na existência humana como vemos nos dias de hoje.
Esse livro é uma orientação ética e extremamente importante para os cabalistas.
O outro momento surge com os contos e histórias da tradição oral:
Aqui, a Cabala teria 60.000 anos aproximadamente. Essas histórias são passadas oralmente de mestre para discípulo e outras foram escritas muito tempo depois pelos cabalistas.
Para a Cabala Ancestral, Abraão não é o primeiro cabalista, existiram muitos cabalistas antes dele. Mas os Cabalistas pensam que Abrãao era um ser projetado e emanado pela Luz infinita bem antes dele vir ao mundo. Isso porque seu nome aparece no livro de Raziel, que foi escrito milhares de anos antes dele nascer. E a partir dele a tradição ganharia o reforço para cumprir sua missão.
E qual é a missão da tradição?
Auxiliar na evolução da humanidade.
Até Abraão, a tradição se concentrava em clãs muito fechados e foi com ele que a tradição ganhou força para ir para o mundo além das fronteiras das famílias.